domingo, 25 de outubro de 2015

Com a palavra... ALBERTO BRESCIANI



1) Alberto Bresciani, na sua carreira literária, ser Ministro do Tribunal Superior do Trabalho é complemento ou antagonismo?
É uma das muitas faces da realidade. No Brasil, como em tantos países, poucos são os que podem permitir-se viver apenas de literatura. Sempre gostei de ler e de escrever e faço isso  por força de meu trabalho. Repito esses exercícios, ler e escrever, por gosto, em literatura. Já era assim quando me tornei juiz, aos 27 anos. São mundos muito diferentes, mas não os diria necessariamente complementares ou antagônicos. Cada qual ocupa uma parcela da atmosfera e tento respirar em todos.

2) O que é a poesia pra você?
Como experiência pessoal, prazer, provocação, desafio, tentativa de ser uma pessoa melhor. Como conceito, está lançado o enigma. A poesia está na vida, é forma de apreender e refletir o mundo sob lentes de aumento ou de distorção, meio de traduzir pela voz e linguagem que se consiga o tempo e o momento em que o poeta está vivo. O poema, resultado de um pouco de sopro e, depois, de doses maciças de reflexão e esforço.

3) Como é o seu processo criativo?
Bandeira dizia ser necessário esperar que a poesia o visitasse. Se valia para um grande como ele, imagine para o simples artesão que eu sou? Ler poesia - e leio muito - cria o estado de espírito capaz de transformar uma manchete de jornal, uma cena de rua, personagens de livro ou cinema, música, uma árvore, eu mesmo em poema. A partir da ideia inicial, escolher então as imagens, as palavras, a estética que melhor expressem o objetivo pensado. Depois, recortar e refazer o poema até que ele se canse de mim.

4) Fale um pouco sobre o seu poema “Antimetamorfose” que está no livro Sobre Lagartas e Borboletas (Tubap Books/Scenarium, 2015).
A proposta seria negar o determinismo da vida, poder voltar atrás ou avançar para melhor corresponder ao que se deseja. Renegar o óbvio. E uma surpresa, Adriana, para o que eu imaginei um projeto de Facebook. Recebi a deixa, escrevi o poema. Poderia ser melhor.

5) Bresciani por Bresciani: lagarta ou borboleta?
Não sei! Projeto de vir a ser ou um resultado final destinado a cumprir seu papel exato no universo? Acho que fico com as possibilidades da metamorfose (uma carta na manga).

Ilustração de Cristina Arruda para o poema no livro Sobre Lagartas e Borboletas






terça-feira, 20 de outubro de 2015

Com a palavra... AFOBÓRIO FEITO DE CARNIÇA



1) Afobório Feito de Carniça, conte sobre seu pseudônimo “Afobório” e como você começou a sua carreira artística?
O Afobório surgiu por conta de uma necessidade profissional. Eu acho que não se mistura vida pessoal com vida profissional. Então eu procurei criar um pseudônimo que fosse singular pra que pudesse divulgar o meu trabalho através da internet. Comecei escrevendo em blogs e sites da internet e prestando serviços de revisão textual pra editoras e autores independentes.

2) O que é a poesia pra você?
É um modo de dizer muito com poucas palavras.

3) Como é o seu processo criativo?
Eu procuro observar o mundo e transformar o que vejo em literatura.

4) Fale um pouco sobre o seu poema "Lagartas e borboletas", que está no livro Sobre Lagartas e Borboletas (Tubap Books/Scenarium, 2015).
Eu falo da humanidade e seu lado sombrio.

5) Afobório por Afobório: lagarta ou borboleta?
Lagarta: "sou uma criatura diferente, mutante. Destas a que ainda não deram um nome. A meu respeito tu não encontrarás nada em nenhuma enciclopédia; mas, garanto que existe muito de mim nestes seres que chamamos de humanos e que são feios e perigosos, assim como eu, na maioria das vezes" (Vida de Inseto, in Sobre Lagartas e Borboletas, pág. 138).













"Meu poncho é minha casa"
                             Afobório

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Com a palavra... ADRIANA ELISA BOZZETTO


1) Adriana Elisa, você é escritora e contadora de histórias no Projeto Bem-me-quer. Como você começou a sua carreira artística?
Comecei por inspiração da minha mãe, escritora e artista desde os 13 anos. Lembro que eu pegava o portfólio dela e ficava a tarde inteira lendo e sonhando em um dia ser igual a ela. Foi assim que eu comecei a escrever.

 2) O que é a poesia pra você?
Poesia é o ponto de escape de pensamentos e sentimentos que formam uma tempestade interior.

3) Como é o seu processo criativo?
Começam a se formar frases e versos na minha cabeça e passam a me seguir e ficam lá, indo e voltando, até que eu pego um papel e uma caneta e sai a poesia, quase pronta, tão naturalmente que enquanto escrevo no papel eu apenas deixo a caneta fluir, sem interrupções.

4) Fale um pouco sobre o seu poema Biografia de uma borboleta, que está no livro Sobre Lagartas e Borboletas (Tubap Books/Scenarium, 2015).
Meu poema está relacionado com a saída da cidade onde eu cresci para uma completamente diferente no ano passado, quando entrei na faculdade. Tive várias mudanças e enfrentei muitos problemas pessoais ao mesmo tempo que experimentava coisas novas, conhecia lugares para os quais nunca pensei que iria. No fim do ano passei num processo seletivo para intercâmbio em Moçambique, onde eu morei por quatro meses este ano. Chegar em Moçambique era meu sonho! Foi quando eu vi que o meu destino era eu quem fazia e que, no meio de momentos difíceis, criei as minhas asas e descobri que poderia voar e que a minha liberdade dependia única e exclusivamente de eu sair da minha zona de conforto e arriscar.

5) Adriana Elisa por Adriana Elisa: lagarta ou borboleta?
Particularmente, prefiro o meio termo; a parte da metamorfose em que não se é nem lagarta, nem borboleta. Isso porque é o momento em que a lagarta já completou seu ciclo e a borboleta está surgindo, então é a fase em que as dificuldades de se rastejar foram passadas para trás e é possível ainda sonhar como será o voo. É a parte que para mim representa a esperança e a permissão para sonhar.

Adriana Elisa preparando-se para o Projeto Bem-me-quer: núcleo de contação de histórias

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Com a palavra... ADRI ALEIXO



1) Adri Aleixo, como você começou a sua carreira artística?
Não me considero artista, na verdade tenho um amor, uma necessidade, algo muito bonito com as palavras e a poesia. Talvez eu tenha um dom ou uma facilidade de expressão escrita. Posso dizer que tudo começou a partir do instante em que me senti tocada de verdade e isso vazou em forma de palavra.

2) O que é a poesia pra você?
Algo tão imenso e forte, que jamais poderemos explicar... embora tentemos.

3) Como é o seu processo criativo?
É totalmente intuitivo, claro que nisso vem todo meu aprendizado, leituras, formação etc. Mas o princípio é toque, a intuição. Nunca a intenção.

4) Fale um pouco sobre o seu poema Incompleta Metamorfose, que está no livro Sobre Lagartas e Borboletas (Tubap Books/Scenarium, 2015):
A ideia que me veio é a de seres, todos eles, que voam antes ou depois do tempo... Seres para os quais não há regra, espera ou guarda; que nem sempre precisam ou têm asas, que nunca estão completos, mas assim se completam.

5) Adri Aleixo por Adri Aleixo: lagarta ou borboleta?
Ahhh! É claro que sou lagarta. Um beijo!




Ilustração de Cristina Arruda integrante da obra Sobre Lagartas e Borboletas